Essa semana em especial, lembrei muito de minha cachorra que faleceu em 2007. E decidi dedicar este post a ela, seu nome, Pietra.
Da raça Lhasa-Apso, originária do Tibete, com mais de 800 anos de história, os cães lhasas eram tidos como “Sagrados, refinados e exclusivos. Considerados divinos pelo budismo antigo. Era sinal de distinção e nobreza ser presenteado com um deles. Era uma honra reservada para poucos”. Historiadores mencionam que Lhasa Apso é o significado para 'Cão Leão Sentinela que Ruge'.
E com toda essa herança cultural, esse pequeno ser, uma verdadeira bolinha de pêlos, chegou em minha vida. Quando fui escolher o meu filhote, só tinha certeza de que seria uma fêmea. Morava com minha mãe e irmã, e um 'macho' na casa, quebraria a 'sintonia hormonal' que lá habitava... Dentre alguns punhados de pelinhos saltitantes que o criador me apresentava, ela veio por último, quietinha, ressabiada, mas exibindo um astral zen marcante, que me ganhou no ato em que quebrou toda aquela sobriedade aparente, com um apaixonante abanar de rabinho... Era ela... a minha Pietra!
Em uma casa em que sempre teve cães de grande porte e por consequência, habitantes exclusivamente do quintal, foi uma ousadia e tanto, trazer a Pietra ao lar. Principalmente porque não havia avisado ninguém... mas foi ela chegar que pronto, lá estava ela, assumindo posto de integrante da família!
A razão de ter comprado um cão, foi para preencher um vazio recente, a perda do meu avô materno. Essa foi a missão da pequena que, mesmo sem ter explicado a ela, simplesmente abraçou a causa e preencheu literalmente o dia de todos, com seu carinho e companhia incondicionais.
É inegável que um animal criado dentro de casa, perto de nós, se torna, um de nós. Só tendo um para entender exatamente o que escrevo aqui. Ele absorve o comportamento do ambiente, das pessoas e não importa quantos vivam na casa, ele elege o seu dono. Eu fui a sua escolhida, assim como eu a tinha escolhido. Nossa relação era de indescritivel sintonia. Ela sabia SIM quando estava triste, feliz, brava, tudo, tudo ela sabia. Ela interagia comigo, com latidinhos de incentivo, rosnados de repreensão, trazia o 'bichinho' de estimação dela para dividir comigo um momento de descontração, depois de um dia atribulado.
Tenho uma irmã deficiente auditiva, e é pena nunca ter filmado isso, mas quando ela ficava em casa sozinha com a Pietra, ao tocarem a campainha, a cachorra ia atrás dela e latia fixo para ela até entender que alguém estava no portão. Me emociono muito só de lembrar disso.
Minha mãe era geralmente a última a chegar em casa. E sentava no sofá da sala para assistir um pouco a tv até pegar no sono. E lá estava também a Pietra, deitada a seu lado, até mamãe subir e ela então ir ao meu quarto para encerrar seu dia de fato. Era incrível. Ela gerenciava literalmente todo o movimento da casa. Até na organização ela dava seus pitacos! Quando via, por exemplo, shampoo no chão do banho, ela latia até alguém ir retirar e colocar no local correto. Ela era uma incansável sentinela, zelando para que nada saisse do lugar ou corresse de forma não conforme ao que deveria normalmente ser.
Ela esteve em momentos marcantes na minha vida. Foram 08 anos de dedicação uma com a outra, uma pela a outra. E sempre, com o maior prazer do mundo. Pietra faleceu de câncer de mama, mas encaro o seu tempo conosco, como sendo o período que tinha de ser. Ainda sonho com ela, vez em quando, e acena é sempre a mesma: ela correndo a meu encontro, com seus pelos longos e orelhinhas ao vento. A falta que me faz, que nos faz, é muito grande ainda e acho que não será menor jamais. Mas apesar do pesar, me sinto uma pessoa abençoada por ter testemunhado a presença de Deus em mais esta forma na minha vida.
Pietra...nossa eterna sentinela...